Capítulo I
TiC olhou lá para fora e sentiu uma longa e pesada tristeza que lhe percorreu o corpo todo. Uma expressão física do que lhe ia na alma. Na cozinha, TaC retirara do forno bolinhos de coco que fazia para entreter o pensamento e as mãos com algo mecânico que não exigisse grande esforço, principalmente mental.
A manhã tinha sido esgotante. Ambos vestidos de preto, sentavam-se agora à mesa comendo lentamente em silêncio. Apesar de tudo o silêncio nunca fora algo desconfortável entre eles e muitas vezes dava espaço aos olhares e gestos para dizer algumas palavras que não requeriam ouvidos.
“Isto não são coquinhos…” – resmungou TiC, interrompendo a conversa não verbal que se instalara.
“Não têm farinha.” – explicou TaC simplesmente.
“Não interessa, não são coquinhos! O objectivo dos coquinhos é exactamente o oposto deste.” – Com um movimento apenas levantou o bolo que se esfarelou de imediato sobre a tolha da mesa.
“Isso é porque não têm farinha…” – insistiu TaC, que já se acostumara a estas observações do irmão.
“Já sei! Para a próxima experimenta fazer os coquinhos sem...sei lá... coco! e vamos ver no que dá. Que tal? Se calhar dá um efeito ainda mais fixe...”
Riram-se. Pela primeira vez em todo o dia.
1 Comments:
Rir é bom...
Muito bom...
Obrigada pela visita.
Gostei muito da ideia deste blog, tenho uma ligeira impressão de que vou voltar.
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